segunda-feira, janeiro 30, 2006

Orgulho e Preconceito

Eis a verdade por trás do mito de Bridget Jones. Depois de uma primeira adaptação para o cinema em 1940, com Laurence Olivier e Greer Garson nos papéis principais, e da elogiada mini-série britânica protagonizada por Colin Firth e Jennifer Ehle, Orgulho e Preconceito, o livro de Jane Austin que inspirou elementos de O Diário de Bridget Jones, ganha sua terceira adaptação para as telas em um filme honesto e lindo de se ver (Pride and Prejudice, Inglaterra, 2005). Aqui é Keira Knightley quem interpreta Elizabeth Bennet, uma jovem inglesa do século XIX de personalidade forte e espirituosa que durante um baile conhece o desagradável e orgulhoso Fitzwilliam Darcy, personagem de Matthew MacFadyen. A primeira impressão fará com que a moça jure ódio ao rapaz até o fim de seus dias, mas o tempo se encarregará de mostrar que ele é bem diferente daquilo que costuma aparentar. Dificuldades como as distintas posições sociais e o comportamento incoveniente da família de Elizabeth agravam os desencontros.
Sim, premissa óbvia e trabalhada à exaustão durante esses quase 110 anos de cinema. Mas acredito que idéias simples como essa, emprestadas da boa literatura, não envelhecem. Ao contrário, mantém segredos a serem explorados. Por isso, ainda é possível revigorar um lugar comum munindo-se de talento. E o que não falta a esse filme são qualidades que lhe garantem o frescor. Em seu primeiro longa-metragem Joe Wright realizou um trabalho digno de elogios. A densidade da narrativa foi em muito acrescentada pela forma como o diretor a conduziu, criando cenas maravilhosas que sem dúvida alguma fazem o espectador absorver a trama de uma maneira toda especial. A preocupação com a profundidade de campo, a repetição de movimentos de câmera que revelam um cuidado técnico apurado, os planos-sequência, a movimentação quase coreografada dos atores em cena e os enquadramentos arrebatadores fazem toda a diferença na tela e na maneira como a história é contada. A bela fotografia, às vezes na penumbra, às vezes com feixes de luz rasgados, valoriza o ambiente bucólico e agrada os olhos. Uma trilha sonora viva emoldura com elegância o lindo quadro visual. Em suma, padrão de qualidade impecável.
O elenco não deixa faltar aquele traquejo inglês que se torna tão adorável em histórias desse tipo e participações de luxo como as de Donald Sutherland e Judi Dench são sempre um prazer. Confesso ter estranhado à princípio ver Matthew MacFadyen no papel que foi duas vezes de Colin Firth (já que Darcy saiu praticamente imutável do romance de Austin para o best-seller de Helen Fielding, podemos assim considerar). E assumo que, passado o impacto inicial, ele conseguiu me conquistar como o mocinho introspectivo e grosseiro - mas dono de um charme arrebatador - que lá para as tantas começa a provar o que já era previsível desde o princípo: ele é o homem dos sonhos de qualquer mulher. Keira Knightley, intensa e sincera, dá carisma à heroína e o inevitável romance entre os protagonistas arranca suspiros bastante audíveis da platéia. A mocinha dentro da sala de cinema que não se derreteu vendo MacFadyen caminhar no campo durante o amanhecer, indo ao encontro da amada para declarar sua paixão, tem uma pedra dentro do peito. Absolutamente irresistível!
Acho, inclusive, que aí reside o segredo do filme e de sua inspiração: o charme de época, dotado de uma inebriante tensão por algo que não é explicitado com agressividade, mas apenas sugerido, e a graça de uma historia simples, mas de forma alguma simplória, tornam-no irresistível. Defeitos? Sim, há. A edição peca um pouco, deixando a sensação de que determinados detalhes ou momentos foram suprimidos. E não nego que senti falta do mais batido dos clichês românticos ao final, ainda que ele não acrescentasse nada para a poesia do desfecho - nos últimos momentos fica fácil saber do que estou falando. O caso é o seguinte: pode acompanhar a fila do ingresso, comprar sua pipoca e se acomodar na sala de cinema, pois nenhum possível deslize tira o gostinho doce dessa projeção. Romance às antigas, lento, delicado, espontâneo e, mais do que tudo, suave. Orgulho e Preconceito é como uma barrinha de açúcar guardada na gaveta do armário há algum tempo. E é sempre bom redescobrir esse tipo de delícia num lugar tão comum. Quem dera se a vida real fosse mesmo assim.

3 Comentários:

Às 10:07 PM , Anonymous Anônimo disse...

Já tava doida pra assistir......depois da sua crítica então.....
beijos

 
Às 7:29 PM , Blogger Isabella Goulart disse...

Que bom! O filme é absolutamente lindo, vai agradar sim!! =D

 
Às 11:58 PM , Anonymous Anônimo disse...

È claro q meu comentário ñ será embasado em conhecimentos cinematográficos,portanto dispenso comentar os detalhes do texto + confesso q depois de ler seu texto eu cheguei a 2 conclusões: o filme parece ser bem interessante e se tornou bastante chamativo e,suas críticas são realmente mto boas.. acho q ñ preciso nem dizer q vc tem futuro com isso né?parabéns!! ficou mto boa mesmo!!
bjossss

 

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