quinta-feira, setembro 22, 2005

Vôo Noturno

Mocinha com medo de voar acaba de sair do enterro da avó e tem que pegar um vôo de volta para Miami. No aeroporto, conhece um belo e simpático estranho. Ao entrar no avião, descobre que coincidentemente sua poltrona fica ao lado da dele. Esse enredo sugeriria mais uma comédia romântica do que um suspense-terror de Wes Craven (Pânico), não fosse por um detalhe. As coincidências nessa história não existem. Ao contrário, foram meticulosamente providenciadas pelo rapaz, Jackson Rippner (Cillian Murphy, de Batman Begins), para que a mocinha, Lisa Reisert (Rachel McAdams, de Diário de uma paixão), colabore na execução de um poderoso homem de negócios que se hospedará no hotel do qual ela é gerente. Se Lisa não der um telefonema ordenando que o hóspede seja transferido para outra suíte, um assassino contratado por Jackson irá executar o pai da moça (Brian Cox, de X-MEN 2). É assim, a partir de situaçõs - e ações - absurdas, como manda o gênero, que se desenvolve Vôo Noturno (Red Eye, EUA, 2005). Interessante, mas sem nada muito inovador, o filme explora uma série de clichês que, em sua maioria, não lhe são prejudiciais.
A personagem de Rachel McAdams é a heroína perfeita: educada, ponderada e dona de frases como “ele é um bom homem”, “você não precisa fazer isso” ou “eu tenho pena de você”. Filha amorosa e excelente profissional, carrega um misterioso trauma, que obviamente só é revelado ao espectador no devido momento: exatamente quando ela precisa de forças para revidar e enfrentar o vilão. Depois de um “eu jurei que isso nunca mais aconteceria” (ou algo do tipo), vemos a mocinha assustada e passiva se transformar em uma mulher corajosa. Do outro lado está o personagem de Cillian Murphy, também típico: o homem charmoso e sedutor, que lá para as tantas da história se mostra um vilão lunático. O bom aqui é que o “lá para as tantas da história” não demora a acontecer. Ao contrário: o filme tem apenas 85 minutos, é movimentado e não perde muito tempo com embromação. Mas é pena que o personagem de Murphy não tenha sido mais bem elaborado, faltam-lhe motivos.
Um filme desenvolvido a partir de lugares comuns de um gênero cinematográfico já tão explorado não poderia deixar de lado algo clássico nos filmes de terror adolescente norte-americanos: a típica cena em que a mocinha, tentando fugir do psicopata que a persegue com uma faca, sobe as escadas que dão para o andar de cima da casa. Wes Craven já não havia mostrado isso antes em uma certa trilogia? Pois aqui não falta nem o uniforme de cheerleader dentro do armário de Lisa. Um detalhe importante em Vôo Noturno é a trilha sonora. A música acompanha a ação o tempo todo, desde a primeira cena, e diz ao espectador o que ele deve sentir em cada momento. É como se ela dialogasse claramente com o público, dizendo “fique tenso”, ou “sinta medo”, ou “agora sinta-se vitorioso”. O diretor foi competente em criar a atmosfera caótica do aeroporto e uma certa sensação de claustrofobia dentro do avião. Grande parte dos planos transcorridos ali dentro oferecem ângulos próximos, com muitos close-ups e alguns planos detalhe. O roteiro tem um mínimo de complexidade e Rachel McAdams convence no papel da protagonista, segurando bem o filme. Vôo Noturno é entretenimento descerebrado e inofensivo. Rápido, eficiente e sem causar danos ao espectador.

1 Comentários:

Às 11:04 PM , Anonymous Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom

 

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