terça-feira, agosto 09, 2005

O Diário de Bridget Jones

Pensei que jamais escreveria uma crítica sobre O Diário de Bridget Jones (Bridget Jones´s Diary, EUA, 2001). Isto chega a ser um paradoxo, pois creio que qualquer um que me conheça ao menos superficialmente esperasse ver essa como a minha crítica principal, tantas foram as vezes que me ouviram dizer “esse é o filme da minha vida”. E exatamente por isso sou incapaz de emitir qualquer juízo de valor sobre ele! Mas eu (ainda) não sou uma crítica profissional, não tenho que ser analítica sempre, então me dou ao direito de ser absolutamente parcial e dizer “the truth about Bridget Jones. The hole truth”.
Eu poderia elogiar a direção, a adaptação do roteiro, as atuações, falar das indicações a prêmios que recebeu, fazer comparações com as outras comédias-românticas inglesas do mesmo estúdio e um monte de outras coisas... Mas de que importa isso tudo, se quando você é uma mulher e assiste a O Diário de Bridget Jones outras coisas chamam a sua atenção? Não importa se você é uma balzaquiana ou uma adolescente, todas as mulheres já se sentiram como a personagem de Renée Zellweger em algum, ou em alguns muitos momentos de suas vidas. E todas nós, inevitavelmente, suspiramos com o final feliz da mocinha acima do peso. Imaginamos que você não precisa ser perfeita para ter o seu happy end com um Mark Darcy.
Provavelmente por isso Bridget Jones seja um filme muito mais admirado pelo sexo feminino do que pelo masculino. Porque, por mais que soe exagerado, entende a alma feminina de uma maneira bem humorada, em momentos que os homens consideram fúteis. Observem que esse não é um discurso feminista, é simplesmente feminino. Quero apenas passar a idéia de que os homens, obviamente, não são mulheres. Por isso não sentem a mesma coisa que nós quando vêem Bridget em seus momentos mais decadentes, se sentindo feia, inadequada, traída e deslocada. Não entendem o que passa em sua cabeça quando ela é trocada por outra. Quando descobre que o mundo perfeito que demorara tanto tempo para conquistar, e parecia ser real, na verdade não existia.
Nos identificamos com ela de uma forma divertida e ao mesmo tempo triste. Seria muito mais bacana, inclusive, se na vida real pudéssemos também passar por nossas dores de cotovelo embaladas pelas músicas da trilha sonora do filme (outro aspecto execrado pelos homens em geral). Imaginem: aquele cara que parecia gostar tanto de você te deixa e de repente começa a tocar ao fundo Out of Reach. Você se entope de comidas que engordam enquanto pensa no quanto se enganou ou no quanto foi enganada. E de repente, quando a música para, você o vê surgir na porta da sua casa dizendo que se esqueceu de te dar um beijo. Todas as impressões ruins que estavam em sua mente se desfazem e vocês são felizes para sempre... ou pelo menos até o segundo filme.
Bom, a vida não é um filme. As comédias românticas são cheias de desencontros que precisam se resolver nos dez minutos finais da história, porque essa é a premissa. A realidade dura mais do que uma hora e meia e os desencontros necessitam de mais do que dez minutos para se resolverem. De qualquer forma, Bridget Jones dá às mulheres a sensação de serem refletidas na tela, e uma certa esperança de um dia vir a gostar de você mesma “just the way you are”. Então... “to Bridget, just the way she is”!

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