quinta-feira, março 23, 2006

Mais do mesmo

Esse moço agora acha que o blog é dele!
Em prol do nosso projeto futuro (que em breve será divulgado ao público, que nós esperamos ser grande) vou fingir que nem percebo o abuso e dar mais espaço ao meu amigo curitibano.
O assunto agora já parece um pouco longe, mas como não há nada nesse mundo que seja mais a cara do Felipe do que a tradicional premiação da Academia, aí vai mais do Oscar, pelo mesmo Felipe Sembalista.




Falar sobre o Oscar sempre foi um prazer para mim. O prêmio em si, sua importância, sua influência, sua metodologia e a forma com que ele se manifesta podem até não conquistar a todos, mas é impossível ficar indiferente à noite dourada do cinema. Noite esta que está na sua 78ª edição e aglutina uma audiência de mais de 1 bilhão (segundo alguns cálculos e projeções, quase 2 bilhões!!!) de pessoas ao redor do mundo. Em outras palavras, esse é o evento mais assistido da face da Terra. Nem mesmo a final de uma Copa do Mundo de futebol ou a cerimônia de abertura das Olimpíadas reúne tantos espectadores de frente para a televisão.
É certo que em alguns anos a cerimônia em si ganha tons meio insossos ou de pouca originalidade, mas felizmente esse não foi o caso da cerimônia deste ano. A começar pelo apresentador, que arrancava dúvidas de muita gente. Especialmente porque Jon Stewart não é um nome conhecido no Brasil e nem no meio cinematográfico. Trata-se na realidade de um apresentador de TV estadunidense, e todos sabem que a apresentação da cerimônia realizada por David Letterman (outro ícone da TV gringa), há uma década atrás, não foi lá aquelas coisas. Mas a primeira grata surpresa da noite foi exatamente essa. Com um tipo de humor perfeito para uma cerimônia como o Oscar e algumas alfinetadas e improvisações ótimas no transcorrer da transmissão, Stewart conquistou o público com a sua forma de apresentação, que lembra muito o ainda imbatível Billy Crystal. Pelo jeito Chris Rock, Steve Martin e Whoopi Goldberg devem estar se mordendo de raiva…
Outro ponto positivo da cerimônia deste ano é um certo retorno à forma que a cerimônia possuía há cerca de uma década atrás, quando estava em seu pico de glamour e beleza. Não que isso tenha sido esquecido de lá para cá, mas uma insistência tola de algumas emissoras de TV à respeito do tempo da cerimônia acabaram atrapalhando o seu brilho em alguns momentos (como a cerimônia corrida de 2000 ou então a saída pouco elegante de se ganhar tempo ao entregar prêmios no meio da platéia, da cerimônia de 2004). Enfim, esse ano todos os vencedores subiam no palco para receber a estatueta, ao som da orquestra ao fundo e tudo o que já é tradicional no evento.
Algumas novidades: foi o primeiro ano em que existiu trilha sonora durante o agradecimento dos vencedores. Além disso, os clipes dos filmes indicados na categoria máxima não foram mais apresentados no meio da cerimônia, mas sim momentos antes de intervalos comerciais ao longo da transmissão. Ganha-se tempo com isso, mas perdem-se momentos interessantes como a identificação do público com os artistas de cada filme.
As apresentações musicais foram bastante animadas, embora já tenham sido muito melhor produzidas. Na cerimônia de 1998, por exemplo, a interpretação da canção When You Believe, do desenho animado O Príncipe Do Egito deu um show nesse quesito com a presença de um coral juvenil no palco do Dorothy Chendler Pavillion. Ainda mais atrás, na cerimônia de 1971, Isaac Hayes interpretou a música tema de Shaft com um balé totalmente elaborado e regado à muita luz e fumaça. Enfim, não foi exatamente um show de apresentações musicais (até mesmo na questão dos intérpretes, pouco conhecidos), mas foi interessante ver todos os engomados de smoking batendo palmas na canção Travelin’ Thru ou se mexendo na poltrona ao som do segundo rap da história a vencer na categoria de melhor canção.
Esse ponto, aliás, merece uma atenção especial: esse ano o Oscar contou apenas com três canções indicadas, e isso é um reflexo da produção musical no cinema contemporâneo, que vem diminuindo dia a dia. Não existe mais uma produção de musicais como nos anos 1950 e 1960, e a Disney já não faz mais animações cheias de canções. Na maioria das vezes, as músicas são apresentadas apenas nos créditos, o que enfraquece a sua relação com o filme.
Outra característica que saltou aos olhos dos telespectadores foi a presença um tanto quanto freqüente de clipes temáticos sobre cinema. Alguns foram muito pertinentes, como a abertura da cerimônia (linda) e a montagem com os filmes épicos da história do cinema. Outros clipes, no entanto, pareciam estar fora de contexto, como o que se referiu aos filmes noir e as piadas de Jon Stewart sobre a votação nos indicados. Ainda na apresentação desses clipes, pode-se notar o esforço da Academia no sentido de combater a pirataria e uma espécie de “banalização” do cinema, tema esse que gera controvérsias mas que no meu modo de ver é pertinente. Me preocupa um pouco essa onda do digital, do “avançado tecnologicamente”. Nada se compara a uma projeção em película de um filme, nem mesmo o melhor dos home theater do mercado. E essa questão vai muito além do que simplesmente o quesito técnico, afinal de contas um conjunto de caixas acústicas pode reproduzir minimamente um cinema. Mas a arte do cinema depende da ação de ir a uma sala, pagar um ingresso e assistir ao filme em um quarto escuro e uma tela gigante. Nunca um DVD conseguirá suprir isso.
Mas vamos aos prêmios propriamente ditos. Nas categorias de curta-metragem e documentário, prefiro não opinar pois não conheço e nem assisti a nenhum dos indicados (nem mesmo o vencedor e já lançado no Brasil A Marcha Dos Pingüins). O prêmio de melhor filme em língua estrangeira foi para o sul-africano Tsotsi, ainda não lançado no Brasil, e que rendeu um momento emocionante no discurso do diretor no momento em que se referia à África. Está na hora do Brasil levar o seu também... Para melhor longa-metragem de animação, o prêmio ficou com a animação em massinha Wallace & Gromit: A Batalha Dos Vegetais, que acaba de ser lançada em DVD (e assim melhor julgada, uma vez que pela sua passagem nos cinemas o filme não arrancou um público muito grande aqui no Brasil).
Nas categorias de atuação, prêmios justos. O super charmoso George Clooney levou pelo seu desempenho como coadjuvante em Syriana (que eu ainda não tive oportunidade de conferir) e Rachel Weisz pelo seu desempenho no filme O Jardineiro Fiel, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. Fica apenas aquela velha dúvida no ar: até que ponto um ator deixa de ser coadjuvante em um filme e passa a se tornar protagonista? Rachel Weisz, por exemplo, apesar de aparecer bem menos no filme que o seu companheiro de cena, possui importância fundamental no enredo.
Nas categorias de atuação como protagonista, as indicações refletem um ano muito bom para os atores, com pelo menos quatro indicados em interpretações ótimas; e não tão marcante assim para as atrizes. Reese Witherspoon levou pelo seu delicioso desempenho em Johnny & June, provando assim que não é apenas um rostinho bonito de comédias adolescentes. E na categoria de melhor ator, a disputa mais acirrada. David Strathairn, Heath Ledger, Terrence Howard e Joaquim Phoenix estão ótimos em seus papéis. Quem levou foi Philip Seymour Hoffman, que até então nunca tinha sido indicado ao prêmio e interpreta de forma brilhante o escritor norte-americano Truman Capote.
Nas categorias de melhor edição de som, melhor mixagem de som e melhores efeitos visuais, o prêmio foi para o filme King Kong. Realmente, as seqüências do filme são de tirar o fôlego de qualquer um, e muito dessa sensação se deve ao som do filme (e, é claro, à overdose de efeitos visuais que saltam da tela). Guerra Dos Mundos, um dos principais concorrentes, não possui um envolvimento tão grande do som no espectador.
Para melhor maquiagem, a Disney levou por As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. Dos demais concorrentes, o mais forte era o terceiro episódio de Star Wars que, apesar de muito bom, não inova em muitos aspectos se comparado ao filme deNárni a. Melhor figurino, melhor direção de arte e melhor fotografia foram para o filme produzido por Steven Spielberg, Memórias De Uma Gueixa, impecável na recriação de ambientes e costumes orientais. Apenas destaco aqui a falta que faz o filme Orgulho e Preconceito entre as indicações para melhor fotografia, que é talvez uma das maiores qualidades do filme.
Em uma apresentação linda, foram anunciados os indicados à melhor trilha sonora do ano. E, apesar do já consagrado John Williams estar indicado duplamente por seus trabalhos em Munique e Memórias De Uma Gueixa, não foi páreo para a composição na medida que o argentino Gustavo Santaolalla fez para o filme O Segredo de Brokeback Mountain. Composição essa que irrompe na tela em todos os momentos-chave da projeção e simplesmente conforta os ouvidos do espectador. Não é uma trilha agressiva, é sublime. Ponto também para Alberto Iglesias, compositor da trilha indicada de O Jardineiro Fiel.
Na categoria de melhor montagem, prêmio justíssimo para “Crash - No Limite”, que tem nesse elemento um dos mais importantes para o bom entendimento da trama. Trabalho de ponta de Hughes Winborne. Para os prêmios de roteiro, venceram as duas melhores histórias do ano: “O Segerdo de Brokeback Mountain”, adaptado de um conto, e “Crash – No Limite”, escrito especificamente para o cinema (e esse fator é admirável).
Para o prêmio de melhor diretor, o Oscar foi para Ang Lee, diretor de filmes como Razão e Sensibilidade, Tempestade De Gelo e Hulk (?!?!?) E esse foi, na minha opinião, um dos Oscars mais bem concedidos da noite. Isso porque o espectador sai do cinema após ver O Segredo de Brokeback Mountain sem saber exatamente o que o filme tem de tão bom que o encantou. Seriam as interpretações dos atores, a fotografia, o roteiro? Também, mas a grande verdade é que todos esses elementos se completam, nenhum deles se destaca sobre os demais. E a “mão” do diretor entra exatamente aí: dirigindo os atores nas cenas, sabendo transpor do papel para a tela as intenções do roteirista e enquadrar a câmera com essas intenções formando um conjunto coeso e agradável. Palmas para esse taiwanês que ainda terá grandes filmes na carreira (assim esperamos).
Tivemos também o Oscar honorário para Robert Altman, e esse foi um momento dos mais memoráveis do Oscar desse ano. Primeiramente porque (felizmente) Altman pode falar o que quisesse sem que a música o atropelasse, e isso significou um apanhado muito interessante em seu discurso.
Finalmente chegamos à categoria máxima, que é a de melhor filme do ano de 2005. E aqui eu aproveito para saudar e comemorar o que foi a produção cinematográfica do ano passado. Se em 2004 eu já tinha afirmado que há tempos não via um Oscar com indicados de tanta qualidade, esse ano então foi um dos mais marcantes de toda a história do prêmio. Filmes inteligentes, bem produzidos, bem dirigidos, bem escritos e que tocam em temas muito relevantes. Não que o cinema tenha como papel primordial questionar ou tentar modificar a sociedade, mas a idéia de que os filmes são “apenas contadores de histórias” já caiu há algum tempo. E é uma pena que o Oscar possa indicar apenas cinco filmes como melhores do ano. O magnífico O Jardineiro Fiel, o bem recebido Marcas Da Violência e o épico muito bem refilmado de King Kong são apenas alguns exemplos de filmes que também mereceriam estar indicados nessa categoria. Só espero que os próximos anos também venham com essa quantidade boa de excelentes filmes. O público (e o cinema em si) agradecem. Também gostaria de dizer aqui que, em anos como esse, o vencedor não necessariamente está muito acima dos que ficaram sem a estatueta. Crash – No Limite venceu os outros filmes por um triz. As regras da Academia dizem que existirá apenas um vencedor para cada categoria, então é assim que as coisas funcionam. Mas isso não quer dizer que Crash – No Limite tenha deixado O Segredo de Brokeback Mountain para trás. Ambos são filmes maravilhosos (assim como os demais indicados e até mesmo são filmes que eu citei e que não estavam indicados), mas Crash – No Limite possui alguns elementos em que se sai ligeiramente melhor do que o seu principal concorrente, e por isso acabou levando a estatueta. Ou seja: é melhor? É sim, pelo menos na minha opinião. Mas isso não desqualifica os demais. Por fim, aqui eu gostaria de deixar um adendo aos que repetidamente afirmam que o Oscar é um prêmio político. Se realmente ele tivesse essa característica, O Segredo de Brokeback Mountain teria levado melhor filme. Seria até mais saudável para a imagem da Academia, que assim demonstraria que não é conservadora (como muitos também gostam de afirmar). Mas mais uma vez provando que seus critérios são artísticos, a Academia premia o melhor filme do ano de fato (por um triz, repito).
Vou chegando ao fim dos meus comentários comemorando um ano excelente de produções cinematográficas e uma cerimônia muito interessante, lamentando somente as transmissões disponíveis para o público brasileiro. A única emissora que transmitiu a cerimônia na íntegra foi a TNT, o que já restringe (e muito) o acesso da população ao prêmio. Afinal, não podemos contar que a maioria das pessoas possuem TV por assinatura nas suas casas e, mesmo que tenham, possuam o canal em seu pacote. A tradução simultânea mais uma vez foi um pouco desagradável a partir do momento em que praticamente anulava o som original da cerimônia. Além disso, o comentarista Rubens Ewald Filho, apesar de seu vasto conhecimento da área, comentou pouco este ano. Uma pena. O que é inaceitável e vergonhoso, e isso sim, foi a transmissão promovida pela Rede Globo (que, aliás, nunca foi uma emissora muito competente para transmissões de eventos ao vivo). Qual é a credibilidade de uma emissora que corta a cerimônia pela metade para exibir uma dúzia de semi-analfabetos com seus corpos quase nus rebolando e falando mal um dos outros em uma prisão de luxo? É aí que percebemos o quanto éramos felizes e não sabíamos. Em 2001, o SBT possuía em sua grade de programação um programa nos mesmos moldes do Big Brother, mas nem por isso deixou de transmitir um só minuto da cerimônia. Pelo contrário, adiantou toda a programação da tarde da emissora para iniciar a transmissão meia hora antes do horário de início da festa. Sem contar nos repórteres ao vivo lá no tapete vermelho entrevistando as celebridades. Coisa que a Globo nunca fez... sem contar na equipe mais competente e carismática do SBT, que trata o prêmio da maneira que ele merece.
Enfim, encerro fazendo votos de que o próximo Oscar me empolgue tanto quanto este me empolgou, e torcendo para que seja melhor tratado pelos executivos da emissora que o esteja transmitindo.

11 Comentários:

Às 1:11 AM , Blogger Isabella Goulart disse...

E vcs achavam que meus textos eram grandes hein?!
Dps desse texto enorme do Felipe, nunca mais vou me achar megalomaníaca.
Bom, é público e notório que não concordo com a visão cor de rosa que o Felipe tem do Oscar, né. Mas como essa nosa discussão já tá mais que batida, nem vou abri-la aqui no blog outra vez.
Agora, "Mas mais uma vez provando que seus critérios são artísticos, a Academia premia o melhor filme do ano de fato", tenha dó né?
=[

 
Às 1:19 AM , Anonymous Anônimo disse...

Dizer que a audiência supera Copa do Mundo me fez abandonar o restante da leitura (e era o primeiro parágrafo ainda).

Mas se em algum momento ele definiu como justa a vitória de Crash, então ainda merece algum crédito.

 
Às 11:38 PM , Anonymous Anônimo disse...

Costoli, isso quem diz não sou eu, são os institutos de medição de audiência. E outra coisa: não tome o Brasil como parâmtero para o mundo, especialmente em se tratando de futebol.

 
Às 10:38 AM , Anonymous Anônimo disse...

pútz grila isabella num deixa mais esses malucos q num tem mais o q fazer escrever no seu blog naum!!!!!
O cara colocou a tese de mestrado dele no seu blog e vc vai deixar por isso mesmo? esse tipo de coisa acaba afastando as pessoas do seu blog ok?? NAO A PROLIXIA!!!!!!!!!!!

P.S: Isabeeeeella, suas criticas sao uma merda!!!!!

 
Às 8:12 PM , Blogger Isabella Goulart disse...

Alto lá!
Vamos parar com essa baderna aqui, que meu blog não é IACS, FAFICH e mt menos a casa da mãe Joana!
Eu não disse lá em cima, mas apesar de assustadoramente grande, seu texto tá mt bom, Felipe. Afinal, foi escrito com paixão, e o fato de eu ter uma visão diferente da sua não significa que eu não enxergue méritos nele.
Igor, apesar de ter ferido a imagem do seu imaculado futebol, ele merece créditos sim. Mas não por achar que Crash era o melhor entre os concorrentes (nenhum dos dois vai me convencer disso). Então pare com desculpa picareta e leia o texto inteiro!
Fabrício... seu atoa! Para de roubar as frases polêmicas do J.C e use termos próprios se quiser abaixar a minha auto-estima.
E lembrem-se que a editora desse blog soi jo! Então, ainda sou eu que mando nessa baderna... Hehe

 
Às 10:15 PM , Anonymous Anônimo disse...

po,ainda nao li o texto do felipe e nem sei se vou ler brevemente.tá mto grande, dá um pouco de preguica. mas como sei q foi o felipe q escreveu e é sobre um assunto que ele domina (o oscar) vou dar uma conferida qnd eu tiver tempo, durante as ferias.

ainda em tempo quero dizer que só quem diz q as critcas da isabella sao uma merda sou eu!!! olha q eu faco direito e posso te processar por uso indevido da frase alheia....

 
Às 10:16 PM , Anonymous Anônimo disse...

:-)

 
Às 10:19 PM , Anonymous Anônimo disse...

li rapidinho a parte final e tb digo q a globo eh uma merda e devia ser proibida de transmiir algo tao importante qnt o oscar!!!

 
Às 2:17 AM , Anonymous Anônimo disse...

Lisonjeado, sempre. Mas deixar a picaretagem ou a preguiça de lado é deixar de ser quem sou, convenhamos...

 
Às 12:24 AM , Anonymous Anônimo disse...

O mais engraçado disso tudo é que, apesar de ter sido um dos tópicos mais movimentados dos últimos tempos daqui, ninguém leu o texto!

 
Às 12:28 AM , Blogger Isabella Goulart disse...

Ninguém não...
Eu li e até elogiei!
=D
Quem sabe os amigos leitores aí de cima não se livram dos pecados capitais e conferem o texto tb?!

 

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